segunda-feira, 8 de abril de 2013

O SER AUTÔNOMO - APRENDENDO COM OS MESTRES, A VIVER INTEGRALMENTE.

Segundo Luiz Phelipe Andrès: Tecnologia, é a capacidade de resolver problemas com um mínimo de recursos. Partindo deste princípio podem representar a mais alta tecnologia:  um simples anzol, uma rede de pesca, uma canoa escavada, um remo ou mesmo o mais elementar nó de calão, todos eficazes e confeccionados praticamente do mesmo modo há milhares de anos. E o que estas tecnologias milenares podem nos ensinar num momento em que o mundo todo busca alternativas sustentáveis de sobrevivência com responsabilidade ambiental?
Do modo de vida em Cuba ao dos Estados Unidos da América, sem penetrar na relativista seara filosófica, fica claro que depende do próprio ser-humano escolher com que nível de conforto ele pretende viver e quais são as necessidades "reais" ou "supérfluas" indispensáveis para sua sobrevivência. (Essa matéria do Estadão corrobora minha ideia)
Fato inegável é que o consumismo desenfreado, gerado intencionalmente pelo sistema econômico hegemônico vigente, já ameaça nossas reservas naturais e a salubridade do planeta.
Aqueles que estão mais próximos da natureza, cujas vidas dependem tradicionalmente da integridade dos ciclos naturais já percebem a diferença. Mas e aqueles que vivem, crescem e pensam dentro da lógica das metrópoles, alienados, desenraizados, sem o contato direto com a natureza que sustenta e ensina?
E o poder político de decisão para as questões socioambientais, o poder de convencimento da televisão, as ferramentas de "marketing", as medidas de crescimento econômico; eles partem das metrópoles ou dos campos e mares? As perguntas, os impasses, já se fazem presentes, as soluções é que estão ainda muito longe de serem encontradas. Antes era possível mudar-se de um local degradado para outro ainda virgem, inexplorado, mas uma falência de recursos global precisará de decisões muito mais difíceis que o simples êxodo para ser equacionada. Um começo pode ser nos voltarmos para os modelos que até hoje obtém sucesso em garantir a sobrevivência humana de forma autônoma com a menor degradação ambiental possível. Identificar estes modelos não é muito difícil, pois ainda hoje, após milênios, em pleno século XXI eles ainda existem embora rotulados de "pobres", "camponeses", "pescadores" e "selvagens".
A população tradicional Caiçara é uma destas fontes de saber ancestral que garante a simbiose entre homem e natureza. Seus conhecimentos extremamente sofisticados, acumulados e aperfeiçoados por séculos permitem ainda hoje que aqueles que escolheram viver de forma independente e autônoma possam fazê-lo.
Para melhor compreender o modo de vida Caiçara e conhecer suas qualidades recomendo a leitura das dissertações de Ricardo "Papu" Martins Monge, através das quais podemos mergulhar no cotidiano das comunidades Caiçaras da Península da Juatinga em Paraty - R.J. e percebermos como seu relativo isolamento garantiu a preservação de saberes, usos e costumes como numa cápsula do tempo.
foto: Papu 2012.

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