segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

CORRIDA DE CANOA CAIÇARA - UMA HISTÓRIA

Essa é uma medalha do Mestre Tião Giraud, um verdadeiro pedacinho da História das Corridas de canoas caiçaras em Ubatuba. História essa que está sendo dia a dia reconstruída pela nova geração de ubatubanos e ubatubenses.

Foto: Peter Santos Németh
Foto: Peter Santos Németh

Bravos remadores que estão resgatando a paixão e o orgulho de pertencerem à cultura Caiçara.
A cada corrida de canoa, gerações se reencontram, histórias e estórias são relembradas, recontadas, repartidas e compartilhadas. Velhos saberes são reensinados, exercitados e registrados. O espírito comunitário é reforçado e a Cultura Canoeira Caiçara se fortalece.
Parabéns bravos canoeiros Caiçaras! Firmes no remo, que vem trovoada braba por aí!


quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Alternativas para o Asseguramento de Direitos Socioambientais

Em recente publicação, O Ministério Público Federal (2014) lançou o manual de atuação “Territórios de Povos e Comunidades Tradicionais e as Unidades de Conservação de Proteção Integral: Alternativas para o Asseguramento de Direitos Socioambientais”.
O documento é um esforço interdisciplinar de sistematização e aplicação de sugestões práticas baseados na perspectiva de conciliação de interesses, apontando estratégias para garantir maior emancipação das comunidades com relação à gestão dos territórios tradicionais, trazendo importante contribuição técnico jurídica para a mediação de conflitos e o reconhecimento de direitos das populações tradicionais em unidades de conservação restritivas.
Redigem o Manual, as especialistas na mediação de conflitos socioambientais, Dra. Eliane Simões e Dra. Deborah Stucci, sob coordenação e orientação da Procuradora Regional da República do MPF, Dra. Maria Luiza Grabner, frente às reações críticas por parte dos órgãos ambientais, em grande parte dos estados brasileiros, a repelir ou dificultar a presença desses povos tradicionais em áreas protegidas e a relevância dessas mesmas áreas para a perspectiva de futuro dessas comunidades”. (MPF, 2014: p.3-4)


A presença humana em espaços especialmente protegidos representa atualmente, para os gestores, os especialistas, os juristas, os atores sociais e, sobretudo, para o Ministério Público Federal, o desafio de transformar conflitos em oportunidades. Tais questões colocam em evidência e aparente contraposição dois blocos de valores considerados patrimônio da humanidade pelos sistemas universal e regional das normas do direito internacional dos direitos humanos, quais sejam, a proteção da diversidade biológica e da diversidade cultural. A sintonia entre os sistemas jurídicos internacional e nacional, nesse ponto, é maior do que faria crer uma interpretação singela. Portanto, mais do que simplesmente interpretar as normas como roteiro básico de regras, evoca-se a necessidade de compreendê-las em direção à prática. Com base nessa perspectiva, devem ser tomados os tratados internacionais sobre os direitos humanos que, por orientação predominante do Supremo Tribunal Federal, são detentores de força supralegal, embora infraconstitucional. Para outros autores, tratados internacionais ingressam diretamente no bloco da constitucionalidade por força do artigo 5º e parágrafos. (MPF, 2014: p.16)  

João Batista, (Ico), em seu pesqueiro tradicional, Saco Grande.

Trecho extraído de: A NOÇÃO DE PATRIMÔNIO EM POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROTEÇÃO À NATUREZA: O CASO DA ILHA ANCHIETA EM UBATUBA, SÃO PAULO.
Autor: Peter Santos Németh, texto em elaboração.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

AULA MAGNA DE MARCOS CAMPOLIM, Turismo de Base Comunitária.

Já escrevi aqui sobre o plano de privatização dos nossos Parques Estaduais paulistas e a nefasta estratégia de falir essas Unidades de Conservação para justificar a terceirização para a iniciativa privada, favorecendo o turismo industrial capitalista.
Existem sim soluções para salvar estas áreas naturais, e pasmem, mantendo as comunidades tradicionais dentro dos parques em consonância com os objetivos da Unidade de Conservação.
Assistam a essa verdadeira aula com o gestor Marcos Campolim, de como empoderar essas comunidades caiçaras, e tentem descobrir o porque de seu afastamento.

Fonte do vídeo: Palestra ministrada por Marcos Campolim no Seminário de Gestão do Turismo na Zona Costeira, dia 28 de novembro de 2012 na UNESP Campus Experimental do Litoral Paulista, São Vicente, SP.

ARTIGO CITADO:GESTÃO PARTICIPATIVA DA VISITAÇÃO PÚBLICA NA COMUNIDADE DO MARUJÁ – PARQUE ESTADUAL DA ILHA DO CARDOSO, 2008.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

PRA ONDE FOI A ÁGUA DO RIOZINHO DA ENSEADA?

Entre essas duas fotos, existem 57 anos de diferença. Ambas foram tiradas na mesma margem esquerda do Riozinho da Barra do Destacamento, na Praia da Enseada em Ubatuba.
Em 1956, canoas faziam a carga e descarga dos barcos de cabotagem que traziam mantimentos da cidade de Santos. O porto ficava na Rua Luzia Maciel Leite, próximo ao número 97, na Praia da Enseada. Pescadores mais antigos relatam os pequenos cardumes de tainhas que podiam ser capturados na lagoa que o rio formava, camarões de água doce enormes (cafulas e pitus), robalos, etc. O rio tinha até barranca, de onde podia-se saltar na água morna que o peiral represava. 
Nesse tempo (antes da estrada) alguns caminhõezinhos que se aventuravam entre Ubatuba e Caraguá, tinham que usar a areia da praia como estrada e a molecada caiçara ficava esperando para ajudar a desatolar o corajoso fretista que ousasse enfrentar o rio na maré errada. São várias histórias de recompensas, às vezes ganhas, outras "ganhadas", pacotes de café, balas, cigarros. Mas a imagem campeã, é a de um bando de crianças flutuando no riozinho, cada um com a sua bola de mortadela!
Hoje, o rio virou filete de água, ou melhor de esgoto. As tainhazinhas ainda resistem, mas são mini tainhas de 2 centímetros cada, lutando pela vida igualzinho às adultas, é incrível observá-las em seus mini-cardumes.

Pra onde foi a água do riozinho?! Será que foi desviada lá na nascente para abastecer as caixas-d'águas de veraneio? Ou será que está canalizado pelo emissário submarino, nosso rio encanado?
Muito brejo também foi aterrado para gerar terrenos comercializáveis e isso com certeza "imprensou" a água que não aflora mais. E não foi só na Enseada que isso aconteceu, nas Toninhas tinha a barra do Rio Jacundá, mas isso já é uma outra história, para um próximo post.
Isso tudo era rio navegável, hoje é rua!
Fotos: Barra Nova - Cristina Prochaska; Barra Velha - Paulo Florençano.


segunda-feira, 29 de setembro de 2014

O Projeto Colonial Capitalista de extermínio dos Pescadores Tradicionais.

Trecho do texto CONSIDERAÇÕES SOBRE OS ASPECTOS DE VALORAÇÃO ECONÔMICA DOS SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS ASSOCIADOS AO CONHECIMENTO TRADICIONAL DOS PESCADORES ARTESANAIS. autor Peter Santos Németh.:

Para Moura (2013) “a conquista dos mares e oceanos pela modernidade, incluindo as ciências modernas”, são parte de um “projeto colonial” no qual:

(...) força-se a modernidade ao setor pesqueiro na conquista de territórios marinhos de pesca pelos Estados Modernos em favor das indústrias de pesca nascentes e em prejuízo da pesca artesanal, que passa a ser desvalorizada culturalmente e pilhada em seus recursos materiais. Esta conquista de territórios marinhos de pesca tem sido chamado de modernização capitalista da pesca em diversos países, inclusive no Brasil, conforme relatado em McGoodwin (1990), Pálsson (1991), Lalli e Parson (1993), Vandergeest e Peluso (1995), Parsons (2002) e Roberts (2007). (MOURA, 2013, grifos do autor)

Para Breton e Estrada (1989, apud CARDOSO, 2001) o Capitalismo ao invés de conseguir dominar o conjunto dos fatores da produção pesqueira, como fez com “todo o plano da tecnologia; há que conformar-se com um controle e planejamento parciais dos outros elementos constitutivos das forças produtivas, ou seja, os recursos haliêuticos como objeto de trabalho e os pescadores como força de trabalho” (CARDOSO, 2001).
Assim, a extrema especialização necessária para exercer a atividade pesqueira, ainda garante certa “liberdade” (DIEGUES, 1983) e autonomia ao pescador, “pois à beira-mar não se passa fome, por isso nunca vai haver pescador amansado” (NÉMETH, 2010). 
Outro ponto vivenciado foi que o peixe capturado é considerado, pelos pescadores de canoa, como dinheiro em caixa. Chegando na praia, o balaio de peixes se transforma em dinheiro vivo, pois a venda é feita diretamente ao consumidor, que muitas vezes está aguardando o pescador chegar (KANT DE LIMA e PEREIRA, 1997).
Assim o pescador garante o sustento certo de sua família, proporcionando a experienciação de um grau de liberdade e autonomia extremamente elevados. Esse aspecto, o de transformar através do PHT do Mestre pescador, o pescado em valor econômico, é o mais precioso pois, funcionam o meio natural e os estoques pesqueiros quase como uma despensa ou um caixa eletrônico de banco, onde o pescador pode, a qualquer momento, baseado em seu PHT, conseguir o dinheiro suficiente, ou, na pior das hipóteses, o alimento necessário para a subsistência familiar.
O antropólogo Viveiros de Castro (2014) em entrevista concedida à revista Piauí, cita o norte-americano Marshall Sahlins que nos anos 1970 se ocupou da dimensão econômica de sociedades mais “pobres” que, segundo a visão então consagrada, mal conseguiam assegurar a própria subsistência com técnicas pouco desenvolvidas e baixa produtividade. Segundo Viveiros de Castro, o que Sahlins argumentou, “colocando em questão a santíssima trindade do homem moderno: o Estado, o Mercado e a Razão, que são como o Pai, o Filho e o Espírito Santo da teologia capitalista”, é que não fazia sentido, para esses grupos, acumular bens.

Tampouco era lógico produzir estoques, quando esses estão ao redor, “na própria natureza”. Do ponto de vista dos caçadores-coletores, não lhes faltava nada. Trabalhar pouco era uma escolha, e aqueles grupos constituiriam o que o antropólogo chamou de primeira “sociedade de afluência”. (...) Em vez de símbolo de atraso, a “sociedade primitiva”, escreveu o antropólogo carioca, “é uma das muitas encarnações conceituais da perene tese da esquerda de que um outro mundo é possível: de que há vida fora do capitalismo, como há socialidade fora do Estado. Sempre houve, e – é para isso que lutamos – continuará havendo”.  (VIVEIROS DE CASTRO, 2014, grifos do autor)


sexta-feira, 12 de setembro de 2014

A VANGUARDA DA MITILICUTURA PAULISTA EM CURSO

MITILICULTURA: cultivo de mexilhões Perna perna ou o nosso marisco de pedra.

O maior especialista brasileiro em Mitilicultura ministrará curso sobre essa atividade que se tradicionalizou como uma prática genuinamente Caiçara, no litoral norte paulista.
Hoje, essas fazendas marinhas são a garantia de sustento de muitas famílias de pescadores locais que de modo ambientalmente correto, proporcionam nesse sistema equilibrado, outputs ambientais benéficos à recuperação dos estoques de biodiversidade marinha.
Na vanguarda dessa atividade estão o Prof. Dr. Hélcio de Almeida Marques e os Maricultores da Praia da Cocanha em Caraguatatuba. Nessa praia existe uma Associação de Pescadores e Maricultores, a MAPEC, cujos associados desenvolveram um método inovador de coletores artificias de sementes de mexilhão. Analisando as condições da água do mar, do índice de condição dos mexilhões, esses produtores lançam as estruturas de coleta (foto) confeccionadas com as redes velhas utilizadas no próprio cultivo, reutilizando o que antes era descartado. Esse método de cultivo desenvolvido e aperfeiçoado na Cocanha é o que existe de mais avançado no campo da Mitilicultura Sustentável, ou seja, ambiental, econômica e socialmente eficaz.
Portanto, quem quiser ter contato com o "estado da arte" dessa atividade imprescindível para a recuperação dos nossos mares e para a conservação do modo de vida Caiçara, haverá dos dias 23 a 26 de setembro em Caraguatatuba-SP, um curso com esses Mestres. Imperdível.


quinta-feira, 7 de agosto de 2014

FLUXO IMATERIAL DE BEM ESTAR

A pesca artesanal possui uma forte natureza lúdica (CASCUDO, 1954; CARDOSO, 2001) que se manifesta desde a mais tenra idade entre os meninos caiçaras.
Figura 2. Crianças e canoa caiçara. Foto: Paulo Nogara, Preservar é resistir.org.
Mal aprendem a andar a brincadeira preferida é arremedar os adultos na faina pesqueira, primeiro puxando para cima e para baixo pequenos barcos em miniatura e investigando os peixes dentro dos balaios, depois aventurando-se nas costeiras, capturando as “baratas da pedra” para servirem de isca, “pescando de jugada” de cima das pedras, assobiando para pegar o guaiá, até que passam ao mar remando em canoas e usando pedaços de redes velhas.

O conhecimento do ambiente, nesta perspectiva, é “(...) não de um tipo formal, autorizado, transmissível em contextos fora aqueles de sua aplicação prática. Pelo contrário, baseia-se no sentimento, que consiste nas habilidades, sensibilidades e orientações que se desenvolveram através da longa experiência de conduzir a vida em um ambiente particular” (Ingold, 2000). (DAVIDSON-HUNT e BERKES, 2003)

Desse modo, naturalmente, as crianças caiçaras através das brincadeiras vão aprendendo o passo-a-passo das artes de pesca, e quando chegam à idade adulta, profissão, modo de vida, trabalho e divertimento são aspectos indissociáveis de uma única atividade, que é a pesca artesanal. Isso, que Cechin (2008) chamou de “fluxo imaterial de bem estar”, é o que nos descreve o pescador caiçara Ronaldo, da Praia Mansa na Baía dos Castelhanos em Ilhabela, São Paulo:

“A gente nasce desde pequeno já cum... pequenininho do tamanho do... com cinco anos, a gente já tá no mar pescano com remo de duas pá, com canoa, e aí já vem, parece que entra na mente né aquilo, parece que domina a gente, é a pesca, é... a pesca é uma coisa... é, cê tem...  cê pensa... cê mata uns peixe te anima sabe, cê fica aquela... a mente da gente fica outra coisa, a mente da gente num fica aquela, sobrecarregada, a mente leve, tranquila”. (BERNARDO E BIANCHI, 2009, transcrição nossa)

Trecho do texto CONSIDERAÇÕES SOBRE OS ASPECTOS DE VALORAÇÃO ECONÔMICA DOS SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS ASSOCIADOS AO CONHECIMENTO TRADICIONAL DOS PESCADORES ARTESANAIS. autor Peter Santos Németh.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

AS BEIÇUDAS, ESTÃO VOLTANDO.

Esse mês de julho passei quase inteiro na Praia da Enseada em Ubatuba, revendo meus amigos e Mestres Caiçaras. Não foram somente "férias", na verdade foi minha pesquisa de campo para o projeto de mestrado em ciência ambiental pelo PROCAM/NUPAUB/USP.
Nesses 20 e tantos dias remei alguns kilômetros, recolhi algumas centenas de metros de tresmalhos, conversei outras tantas horas sob a sombra da nossa velha amendoeira e registrei mais de 700 fotografias e vídeos.
Morando fora da Enseada por mais de três anos, constatei algumas mudanças positivas e outras negativas. Entre as negativas estão a verticalização desenfreada (e ilegal?) de alguns empreendimentos imobiliários que sistematicamente vêm avançando ano a ano da Praia Grande, pelas Toninhas e agora Enseada e Saco da Ribeira, tudo isso numa região em que o saneamento é perto de zero e o único emissário submarino da Enseada é irregular e obsoleto. Na verdade o emissário apenas "varre" pra debaixo d`água o esgoto junto com cerca de 200 litros de cloro por dia. (Não sei o que é pior para o ambiente o cloro ou a merda). Outro problema são as garagens náuticas, vulgas marinas, que à revelia da lei municipal, ampliam suas instalações tirando o sossego de praias destinadas aos banhistas com seus tratores circulando ou estacionados na areia o dia todo, desvalorizando nosso veranismo.
Mas nem tudo são más notícias, em meio aos ruídos de tratores e jet-skis, do cheiro de cloro, merda e óleo, alguns pequenos milagres estão ocorrendo.
Embora a pesca artesanal continue decaindo, as fazendas marinhas dos pescadores estão garantindo uma renda extra com a produção crescente de mexilhões (mariscos) e algas de forma 100% sustentável. Esse ano que passou toda a produção foi vendida, e para o ano que vem já estão "plantando" uma nova safra.
  
Além de garantir a renda em tempos de vacas magras, os cultivos estão prestando um importante serviço ambiental pois são verdadeiras fábricas de organismos marinhos, que entre os mariscos e algas alimentam-se, crescem e se reproduzem, dali se espalhando por toda a região e repovoando as costeiras com espécies nobres como lagostas, polvos, robalos, garoupas e até meros.
Foram vários os relatos de garoupas voltando a ser capturadas nos antigos pesqueiros que por anos ficaram sem produzir nada. Garoupas de 3, 4 e até 6 kilos foram pescadas.
Mas os próprios pescadores locais alertam para o "perigo" da temporada, quando aqueles "caçadores-sub de aquário" vêm em massa matando tudo que se move em nossa costeira, que é protegida pelo GERCO sendo proibido o arrasto e a caça-sub.
Só nos resta a esperança de que os órgãos ambientais e de fiscalização façam cumprir a lei que protege nossos recursos para o uso preferencial dos pescadores tradicionais. Mas na prática, até hoje, nenhuma ação preventiva já foi observada tendo como alvo a caça-sub, somente os pescadores artesanais é que são sistematicamente fiscalizados. Arpões, arbaletes e fisgas são livremente comercializados para qualquer um que possa pagar, sem a exigência de licença de pesca, idade mínima ou qualquer tipo de restrição. Assim, ano a ano uma verdadeira matança ocorre em nossa costeira impedindo sua regeneração.

terça-feira, 24 de junho de 2014

QUANTO VALE O PATRIMÔNIO HALIÊUTICO TRADICIONAL?


4.6. - Novos valores ambientais para o PHT
Independentemente da dificuldade que a ciência reducionista e cartesiana tem de delimitar, predizer, controlar e compreender os fenômenos naturais marinhos dentro da dimensão complexa da propriedade comunal na fluidez do mar, certas sociedades humanas conseguem este intento através de sistemas de uso tradicionais.
No entanto a complexidade das interações humanas com a natureza, fez com que os ecólogos tenham preferido deixar o homem de fora dos ecossistemas, sem considerar as relações mais respeitosas das populações tradicionais com o ambiente natural, criando uma visão misantrópica no discurso conservacionista ao considerar toda ação humana como destruidora da natureza (DIEGUES, 2004).

A emergência da questão ambiental nos últimos anos jogou ainda uma outra luz sobre esses modos “arcaicos” de produção. Ao deslocar o eixo de análise do critério da produtividade para o do manejo sustentado dos recursos naturais, evidenciou a positividade relativa dos modelos indígenas de exploração dos recursos naturais e desse modelo da cultura rústica, parente mais pobre, mas valioso, dos modelos indígenas. (ARRUDA, 2000, grifo do autor)

O relativo isolamento do caiçara paulista (MUSSOLINI, 1980) garantiu a tenência de saberes e fazeres culturalmente diferenciados por essas comunidades e, de certo modo, manteve o patrimônio cultural intacto até meados dos anos 1930 quando por pressão de um novo mercado emergente consumidor de pescado, elas passaram a se dedicar mais intensivamente à pesca (DIEGUES, 1973;1983; ADAMS, 2000).
O PHT passou então a agregar novos valores externos, como pescar além das necessidades de subsistência gerando excedente suficiente para comprar pequenos motores e redes de nylon que melhoravam os resultados da pesca, alimentando o círculo vicioso de exploração e dependência econômica que culminou na crise de sobrepesca dos anos 1970.
A princípio essas novas visões e valores não tradicionais agregados geraram o primeiro grande impacto sociocultural, o da sobrepesca, que até hoje ameaça a própria existência material desses pescadores. Entretanto a consciência adquirida de que os recursos pesqueiros são finitos em contraponto à fartura aparentemente infinita do tempo dos antigos (SANCHES, 2004; NÉMETH, 2010), gerou num primeiro momento o rompimento cultural com o as leis do respeito[1] (DIEGUES, 2004), onde os recursos que antes eram explorados de modo a garantir a sustentabilidade passaram a ser intensamente utilizados antes que se esgotassem.
Comprovada e reforçada pela prática a ideia de que os estoques são finitos, os caiçaras começam a sofrer uma segunda grande influência cultural no início dos anos 1980, a do ambientalismo. Assim o conceito de preservação ambiental também passa a fazer parte do vocabulário tradicional, embora esse enfoque preservacionista os excluísse do ecossistema a ser protegido e, muitas vezes os responsabilizasse pela degradação.
Hoje no século XXI, fomentado por outros enfoques acadêmicos de situar o PHT dentro de um contexto científico mais abrangente, como o da etnociência, uma nova ideia começa a fluir e penetrar essas comunidades: a de que eles próprios podem ser a ferramenta fundamental para a conservação dos recursos pesqueiros, pelo imenso conhecimento tradicional especializado que possuem à cerca de pequenas e específicas áreas de mar das quais são os naturais guardiões e usuários por gerações.

Na concepção de Toledo (1998), a diversidade cultural deve ser protegida da mesma forma que a diversidade biológica. Para ele, salvaguardar a herança natural do país sem resguardar as culturas que lhe tem dado vida, é reduzir a natureza a algo sem reconhecimento, estático, distante, quase morto. Destaca-se, então, que a sociodiversidade constitui uma dimensão tão importante quanto a biodiversidade (BERKES, 1989; DIEGUES; ARRUDA, 2001). (SALDANHA, 2005, grifo nosso.).

Essa ideia revolucionária opõe-se à atual marginalização e apartamento dos pescadores caiçaras de seu ambiente-território, institucionalizados pela criação das unidades de conservação. Também pode reverter a conotação negativa que conceitos e palavras como: meio-ambiente, proteção da natureza e conservação, têm no imaginário da cultura tradicional. Assim, os próprios caiçaras vendo-se parte do habitat, passarão a defender esses valores conservacionistas como garantia da perpetuação de seu modo de vida e reprodução de seus próprios valores socioculturais.
Cabe ainda relacionar esse modo de vida tradicional com o “Programa Bioeconômico Mínimo” de Georgescu-Roegen, cuja proposta é reduzir o consumo para assim reduzir a depleção dos recursos naturais a um mínimo compatível com uma sobrevivência razoável da espécie humana (CECHIN: 2008), transportando o valor do PHT de uma posição geralmente vista como atrasada e subdesenvolvida para a vanguarda do pensamento “Bioeconômico”. Essas considerações poderão proporcionar a justificada reinserção sociocultural desses saberes tradicionais valiosos para a sobrevivência humana em um ambiente dinâmico e imprevisível, preocupação inerente à Economia Ecológica e sua principal questão: “quais são os condicionantes ecológicos que não só restringem a atividade econômica, como colocam em risco a sobrevivência da humanidade em futuro mais distante?” (CECHIN, 2008).

Será que a humanidade ouvirá qualquer programa que implique uma constrição de seu conforto exossomático? Talvez, o destino do homem seja ter uma vida curta, mas ardente, excitante e extravagante ao invés de uma longa existência monótona e vegetativa. Deixando outras espécies -as amebas, por exemplo- que não têm ambições espirituais herdar uma Terra ainda banhada em muito sol (GR, 1976b: 35). (CECHIN,2008, tradução nossa)

O valor da tradição caiçara, para Seu Pedro Rafael da Praia Vermelha em Ilhabela, São Paulo, está registrado na memória do que lhe disse seu pai, já no leito de morte:

Eu já estou no fim, estou quase chegando no finzinho do meu caminho, mas vocês tem muita coisa pra frente ainda...você...olha... Eu... dinheiro, não deixo, porque você sabe o dinheiro que nóis ganhamo é só pra nóis vivê, não deixo dinheiro... mas com o que vocês ganhá eu deixo... Eu criei a vocês com esses tráfico[2], eu criei a vocês... ninguém passô fome, ninguém sentiu nada, e vocês... quando eu morrê, vocês fiquem com esse tráfico, só que vocês se une, se unam, não se desmanche, eu vivi nisso aí sem dependê de patrão pra vivê, que o patrão só Deus, e nóis na terra num tem que tê patrão, você num tem hora de entrá, num tem hora de saí, num tem que pedir a ninguém”. (BERNARDO e BIANCHI, 2009, transcrição nossa)


[1] Convenções sociais tácitas características destas populações.
[2] Tráfico é o equipamento usado para ralar a mandioca e fabricar a farinha.
Trecho do texto CONSIDERAÇÕES SOBRE OS ASPECTOS DE VALORAÇÃO ECONÔMICA DOS SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS ASSOCIADOS AO CONHECIMENTO TRADICIONAL DOS PESCADORES ARTESANAIS. autor Peter Santos Németh.



sexta-feira, 20 de junho de 2014

SEMINÁRIO DE CULTURA CAIÇARA EM SÃO SEBASTIÃO

Fonte: http://www.pesnochao.org.br/seminario.html.

Este evento tem como propósito promover a difusão de elementos da cultura tradicional caiçara junto aos professores do ensino público de Ilhabela e São Sebastião e demais interessados.
Foram convidados estudiosos deste universo para compartilhar seus conhecimentos, ampliar o interesse pelo assunto e instrumentalizar os educadores para novas abordagens dentro de sala de aula.

O registro da Canoa Caiçara como Bem Cultural Imaterial junto ao IPHAN, será abordado em uma palestra no dia 25 de junho pela manhã.

O Seminário acontece no Teatro Municipal de São Sebastião, nos dias 24 e 25 de junho, 

das 9:00 às 13:00 horas

Outras informações podem ser obtidas pelo telefone 12 3896 6727






Programação:

COMO FOI: CLIQUE AQUI


quinta-feira, 5 de junho de 2014

RESGATANDO OS MESTRES CANOEIROS DE CANANÉIA!

Fonte: http://gruposaogoncalo.blogspot.com.br/2014_06_01_archive.html

Grupo de Fandango Batido São Gonçalo se apresenta para jovens que participarão do documentário Canoas Caiçaras

Texto: Rodolfo Vidal e Bárbara de Aquino Fotos: Bárbara de Aquino
No dia 30 de maio, sexta-feira, na Casa do Fandango, o Grupo de Fandango Batido São Gonçalo fez uma apresentação cultural para jovens que estão participando do documentário Canoas Caiçaras: A arte tradicional nas mãos do Mestres canoeiros de Cananéia. Esta foi a primeira atividade oficial do Projeto Canoas Caiçaras que tem como foco principal contribuir para a salvaguarda do conhecimento tradicional caiçara, através da identificação, localização e mapeamento dos Mestres Canoeiros da cidade de Cananéia. Para isso, o objetivo do Projeto é capacitar um grupo de adolescentes da Escola Pública de Ensino Médio para a identificação, registro e valorização da memória da Cultura Caiçara no município de Cananéia, especialmente pela figura dos Mestres Canoeiros oferecendo oficinas voltadas a tradição da “feitura” da Canoa Caiçara e repassar para as novas gerações essa arte. O produto final será a produção de um vídeo-documentário de forma coletiva, retratando a vida e saberes desses últimos Mestres Canoeiros.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

CANOA CAIÇARA: HISTÓRIA, VALOR E MEMÓRIA SOCIAL


Já há algum tempo não escrevo sobre as Canoas Caiçaras, no último ano tenho me dedicado aplicadamente à pesquisa. Iniciei meu mestrado em Ciência Ambiental pelo Procam-USP o que tem me tomado muito tempo. Já tenho o esboço de alguns artigos sobre o Valor Econômico do Saber Tradicional Caiçara e também sobre A Pesca de Marcação em São Paulo, breve publicarei trechos.
Foi pesquisando para esses textos que me deparei no NUPAUB com a publicação: PESCADORES DE ITAIPU, de Kant de Lima e Luciana Pereira, EDUFF-1997.
Recomendo a leitura desse trabalho, de onde extraí o pequeno trecho abaixo que não entrou, mas deveria, no Dossiê Canoa Caiçara:

De qualquer forma, é interessante chamar atenção para um fato que talvez contribua para a determinação desse valor (exato valor das canoas), que não existe, por exemplo, nas referências ao valor monetário de seu produto no mercado. É que essas canoas, todas, têm histórias, vinculadas à história de seus proprietários anteriores e atuais, aos lugares de procedência, às condições específicas de sua aquisição e transporte, tornando-se quase que expressões não só das histórias das pescarias de Itaipu, como de todos os grupos de pescadores que com elas mantém ou mantiveram relações. (...)Essas canoas são, assim, mais do que objetos artesanais, verdadeiras memórias sociais.

Esse trecho define muito bem o sentimento que tenho quando restauro uma canoa. Ao lixar sua madeira, diversas camadas de tintas superpostas se revelam, e fico a imaginar quantos donos anteriores, quantas esperanças, anseios, projetos, intensões foram depositadas a cada pintura, compondo nessa memória social a alma da Canoa. Já cheguei a contar 11 camadas diferentes, e nessa última que estou restaurando, tenho pensado em como preservar ao menos um pedaço que exponha todas essas camadas anteriores justamente para registrar esse aspecto singular.

terça-feira, 22 de abril de 2014

A AUTO-FISCALIZAÇÃO É A ÚNICA EFICIENTE

Vez por outra a maré virtual das redes sociais caiçaras nos traz textos como esse, do meu amigo Roberto Ferrero da Praia da Enseada, que reproduzo abaixo.

Olhando fotos antigas na depressão pós-feriado eu fiquei pensando, no inverno desse ano minha canoa completa 5 anos! Feita de um ingá que caiu numa beira de estrada de terra em Caraguá. No que ele caiu rachou a madeira longitudinalmente de modo que a porção de cima da proa da minha canoa tem uma fenda de uns 2 cm, por onde vaza um fio grosso de água quando a canoa está muito pesada. Não chega a ser um problema, raramente levo alguém comigo. Gosto de remar sozinho. Sozinho-de-todo não, porque eu escrevi o nome da minha esposa na popa. Assim levo comigo sempre minha mulher. E tantas outras coisas. As vezes eu acho que o mundo inteiro caberia no bojo da minha canoa. Pelo menos as coisas importantes. Se eu fosse escolhido para carregar todas elas, eu carregaria. Mas não fui. Por hora vou levando o que acho certo. No verão me pediram para catar caranguejo na costeira. Esperei maré de lua ficar bem vazia, pedi uma cabeça de betara pro Ico da Enseada, quebrei com cuidado dois gravetos de goiaba (estavam quase todos floridos!) e fui la pegar os caranguejos. Tem que assobiar para ele sair da toca, eu conheço a linguagem e a técnica. Mas mesmo assim não peguei tantos. Talvez 20 deles, no máximo. Uma manhã inteira com essa tarefa, para somente 20 deles. Foi pouco porque eu só escolho os machos e grandes. Porque eu acho que não é certo matar as fêmeas nem os jovens. Na verdade eu não acho. Eu sei. Um macho pode fertilizar várias fêmeas. Uma fêmea só pode ser fertilizada uma vez só. Conta fácil de se fazer. Eu levo esse tipo de coisa no bojo da minha canoa. Porque eu acho certo. Na popa eu levo o nome da minha mulher. Pra não ficar sozinho. E assim, remada a remada eu vou construindo a nossa historia. Cinco anos e já demos de cara com o tempo, já fomos arrastados por raias, já vimos cardumes imensos de tainhas iluminados, raias pintadas feitos anjos planando por baixo de nós, toninhas cruzando o boqueirão, ja fisgamos tartaruga por acidente, já nos encrencamos nos garramar das ressacas, embocamos, arranhamos nosso fundo em lajes mas na maioria das vezes navegamos em paz, nas águas abrigadas da Baia do Flamengo. Fico feliz de ver que tem tanta gente boa interessada em preservar essas coisas. Feito o Peter e o José Ronaldo e tantos outros caiçaras que alegram a linha do tempo do meu facebook com caiçarices. Mas me preocupo com o futuro. Queria aprender a fazer essas canoas. Queria uma legislação pesqueira mais justa com os pescadores artesanais. Queria mais fiscalização, mais eficiência.

foto: Roberto Ferrero
fonte: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=773023152721673&set=a.154028831287778.34613.100000419853848&type=1&theater

sexta-feira, 4 de abril de 2014

PADRE JOSÉ DE ANCHIETA, SANTO OU TRAIDOR?

TAMOIOS, TAMUJOS
TAMBÉM ERAM TUPINAMBÁS
SÓ QUE, DESSES, OS PRIMEIROS, OS ANTIGOS.

SE STADEN NÃO FOI COMIDO
POR PURA SUPERSTIÇÃO,
QUE DIRÁ O ANCHIETA
COM SUA BATINA PRETA
E A MANIPULADA ERUDIÇÃO.

A ESTE MÍSTICO CONSELHEIRO
O CACIQUE ESTENDEU A MÃO
NÃO O CUNHAMBEBE DE STADEN,
MAS SEU FILHO, DE IPEROIG,
ÁGUA DE TUBARÃO.

E ASSIM A MÃO SINISTRA
DO PADRE DE FALA MANSA
AMANSOU A TRIBO DO FLECHAL,
ANTES A TIVESSEM DECEPADO
COMO AIMBERÉ DESEJOU, MOQUÉM.

DESDE ENTÃO NEM TAMOIOS,
NEM TUPINAMBÁS, NEM TUPINIQUINS,
O PERÓ VENCEU,
E TUDO SE ACABOU.

REVELADO O PEABIRÚ
NENHUM TEIÚ SOBROU.

HOJE SÓ RESTOS, ECOS,
QUE NOS VERSOS DA FOLIA,
AINDA RESISTE,
O SANGUE TUPINAMBÁ.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

BATISMO DE CANOA CAIÇARA

Aqui na Praia da Enseada, mais uma Canoazinha Caiçara conheceu o mar.
Essa feita sob encomenda pelo Mestre Renato Bueno especialmente para o mais novo remador da Enseada.
Depois de muito trabalho para terminar o acabamento fino e várias camadas de resina epóxi diluída em dez partes de etanol para selar definitivamente a madeira (técnica desenvolvida por nós), ficou pronta a Canoa para o batismo.
Seguindo nossa tradição do Rancho Meu Chamêgo, a mulher diz: "Em nome de Netuno eu te batizo VôVó", enquanto derrama um bocadinho de cachaça de boa qualidade na proa. O remo foi um presente do amigo Lucas Borsatto que o ganhou de troféu durante a Caiçarada, feito de guacá e também resinado, ficou muito bonito.

fotos: Peter Santos Németh


quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

100 POSTAGENS!

E pra comemorar 100 postagens, vou economizar em palavras e postar as 100 fotos que eu mais gosto. (POR FAVOR, CITAR A FONTE DAS IMAGENS)

Detalhe ampliado de J.B. Debret
Fausto Pires de Campos (Trindade-RJ, Década de 70)




Foto: Peter Santos Németh, Praia da Enseada, Ubatuba SP

Foto: Peter Santos Németh, Praia da Enseada, Ubatuba SP

Foto: Peter Santos Németh, Praia da Barra Seca, Ubatuba SP

Foto: Peter Santos Németh, Praia da Enseada, Ubatuba SP

Foto: Peter Santos Németh, Ilha do Mar Virado, Ubatuba SP

Foto: Peter Santos Németh, Praia do Camburi, Ubatuba SP

Foto: Peter Santos Németh, Praia do Camburi, Ubatuba SP

Foto: Peter Santos Németh, Praia do Camburi, Ubatuba SP

Foto: Peter Santos Németh, Praia da Caçandoca, Ubatuba SP

Foto: Peter Santos Németh, Praia do Perequê Mirim, Ubatuba SP

Foto: Peter Santos Németh, Praia Enseada, Ubatuba SP

Foto: Lilian Prochaska Nemeth, Praia do Cruzeiro, Ubatuba SP

Foto: Janaína Zimmermann Marcelo Ambrogi, Praia da Enseada, Ubatuba 


Foto: Janaína Zimmermann Marcelo Ambrogi, Praia da Enseada, Ubatuba 

Foto: Peter santos Németh, Praia do Itaguá, Ubatuba, SP

Foto: Élvio de Oliveira Damásio, Costeira da Enseada, Ubatuba, SP

Foto: Peter Santos Németh, Praia da Enseada, Ubatuba, SP

Foto: Peter santos Németh, Praia do Itaguá, Ubatuba, SP


Foto: Peter Santos Németh, Praia da Enseada, Ubatuba, SP

Foto: Peter Santos Németh, Praia da Enseada, Ubatuba, SP

Foto: Peter Santos Németh, Praia da Enseada, Ubatuba, SP

Foto: Peter Santos Németh, Praia da Enseada, Ubatuba, SP

Foto: Peter Santos Németh, Praia da Enseada, Ubatuba, SP

Foto: Peter Santos Németh, Praia da Enseada, Ubatuba, SP

Foto: Peter Santos Németh, Praia da Enseada, Ubatuba, SP

Foto: Peter Santos Németh, Praia da Enseada, Ubatuba, SP

Foto: Peter Santos Németh, Praia da Enseada, Ubatuba, SP

Foto: Peter Santos Németh, Praia da Enseada, Ubatuba, SP

Foto: Peter Santos Németh, Barra dos Pescadores, Ubatuba, SP

Foto: Peter Santos Németh, Paraty, RJ

Foto: Peter Santos Németh, Paraty, RJ

Foto: Peter Santos Németh, Paraty, RJ

Foto: Peter Santos Németh, Aparecida do Norte, SP

Foto: Peter Santos Németh, Praia Enseada, Ubatuba SP




Foto: Peter Santos Németh, Praia da Picinguaba, Ubatuba, SP

Foto: Peter Santos Németh, Praia Enseada, Ubatuba SP


Foto: Peter Santos Németh, Sertão do Ubatumirim, Ubatuba, SP


Foto: Peter Santos Németh, Praia da Enseada, Ubatuba, SP

Foto: Peter Santos Németh, Praia do Ubatumirim, Ubatuba, SP


Foto: Janaína Zimmermann Marcelo Ambrogi, Praia da Enseada, Ubatuba 

Foto: Janaína Zimmermann Marcelo Ambrogi, Praia da Enseada, Ubatuba 




Foto: Janaína Zimmermann Marcelo Ambrogi, Praia da Enseada, Ubatuba 

Expedição Geográphica Geológica, Exploração do Littoral, 1915

Foto: Peter Santos Németh, Praia Enseada, Ubatuba SP

Foto: Peter Santos Németh, Praia da Picinguaba, Ubatuba, SP

Foto: Acervo de Roberto Teixeira de Oliveira, Praia da Almada, Ubatuba, SP

Foto: Peter Santos Németh, Praia Enseada, Ubatuba SP

Foto: Peter Santos Németh, Praia Enseada, Ubatuba SP

Foto: Cristina Prochaska, Praia do Cruzeiro, Ubatuba, SP

Fausto Pires de Campos (Trindade-RJ, Década de 70)

Fausto Pires de Campos (Trindade-RJ, Década de 70)

Foto: Peter Santos Németh, Sertão do Ubatumirim, Ubatuba, SP

Foto: Peter Santos Németh, Sertão do Ubatumirim, Ubatuba, SP

Foto: Fabi Bonete, Praia do Bonete, Ilhabela, SP

Foto: São Sebastião Tem Alma

Foto: Adriano Perna, Praia do Bonete, Ilhabela, SP

Foto: Adriano Perna, Praia do Bonete, Ilhabela, SP

Foto: Adriano Perna, Praia do Bonete, Ilhabela, SP

Foto: Adriano Perna, Praia do Bonete, Ilhabela, SP

Foto: Acervo da família Prochaska, Praia da Enseada, Ubatuba, SP

Foto: Peter Santos Németh, Praia Enseada, Ubatuba SP


Foto: Peter Santos Németh, Praia Enseada, Ubatuba SP




Foto: Peter Santos Németh, Praia Enseada, Ubatuba SP


Foto: Ricardo Martins Monge (Papu). Paraty, RJ

Foto: Amyr Klink, Paranaguá.

Foto: Peter Santos Németh, Sertão do Ubatumirim, Ubatuba, SP


Foto: Peter Santos Németh, Praia Enseada, Ubatuba SP


Foto: Peter Santos Németh, Praia Enseada, Ubatuba SP




Foto: Peter Santos Németh, Praia Enseada, Ubatuba SP

Foto: Peter Santos Németh, Praia Enseada, Ubatuba SP

Foto: Peter Santos Németh, Praia Enseada, Ubatuba SP



Foto: Peter Santos Németh, Praia Enseada, Ubatuba SP

Foto: Peter Santos Németh, Praia Enseada, Ubatuba SP





Foto: Élvio de Oliveira Damásio, Praia do Ubatumirim, Ubatuba, SP



Foto: Peter Santos Németh, Praia Enseada, Ubatuba SP

Foto: Peter Santos Németh, Praia Enseada, Ubatuba SP

Foto: Peter Santos Németh, Praia Enseada, Ubatuba SP

Foto: Peter Santos Németh, Praia Enseada, Ubatuba SP

Foto: Peter Santos Németh, Praia Enseada, Ubatuba SP